terça-feira, 8 de junho de 2010

Museu no espaço virtual ou espaço virtual do museu?

Os museus - espaços voltados para a experiência estética a partir da presença física junto aos objetos artítiscos e para a preservação desses objetos enquanto patrimônio - tiveram que se adaptar de acordo com as necessidades da sociedade atual. A prova disso é a existência de "museus online" ou "museus virtuais".

O questionamento mais comum é se o contato sensorial entre o homem e o objeto não fica comprometido, já que a experiência não se dá presencialmente. O espaço do museu não é apenas um espaço físico que abriga esses objetos; é também um espaço dotado de aura, regido por uma certa norma de comportamento. Sem esse isolamento, sem essa aura projetada para favorecer e incentivar a experiência estética, como se dá essa contemplação em se tratando de um museu virtual?

A proposta do museu virtual, no entanto, não é a de substituir o museu tradicional. Ela funciona muito mais no sentido de ampliar o público que se interessa e que pode ter acesso a esses elementos culturais e artísticos. De forma que muitos museus já possuem suas galerias online, com parte do acervo que exibem em imagens de resolução e qualidade suficientes para que a pessoa consiga visualizar o objeto e contemplá-lo esteticamente.

Segundo Rute Muchacho, do Departamento de Ciências da Comunicação, Artes e Tecnologias da Informação da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em seu artigo sobre museus virtuais: "O museu da actualidade está a enfrentar um desafio constante e primordial: a comunicação com o seu público. O espaço fechado em si próprio, criado com o objectivo principal de preservar e salvaguardar um património, está a alterarse para ser capaz de transmitir um conceito e de possibilitar aos diversos públicos experiências sensíveis através da interligação com o objecto museal."

Um dos mais conhecidos nesse sentido é, com certeza, o MOCA, Museum of Computer Art, que no seu próprio site se define como "antes e acima de tudo um museu online, mas também uma galeria localizada no Brooklyn em NY". O museu virtual foi criado em 1993 pelos "computer artists" Don Archer e Bob Dodson para promover e divulgar a arte digital nas suas várias formas e manifestações.

Novamente segundo Rute Muchacho, "O museu, como importante meio de comunicação, tem de aproveitar todo este desenvolvimento comunicacional e tecnológico, no sentido de satisfazer as novas correntes da museologia que se debruçam cada vez mais sobre o papel do museu na sociedade actual. Os novos media e em particular a internet são um instrumento precioso no processo de comunicação entre o museu e o seu público. A sua utilização como complemento do espaço físico do museu vem facilitar a transmissão da mensagem pretendida e captar a atenção do visitante, possibilitando uma nova visão do objecto museológico."

Não se acredita, apesar de tudo e com razão, que o espaço dos museus virtuais, ou o espaço virtual dos museus venham a substituir o espaço físico, o museu tradicional. Surgem mais como uma continuação, um complemento, uma versão desse último, mas ainda assim, são nos parâmetros atuais, de fundamental importância para a difusão da cultura e da arte. Principalmente no que se trata de arte digital, que possui menos espaço nos museus tradicionais, por exemplo.


Leia mais sobre isso em: Museus virtuais: A importância da usabilidade na mediação entre o público e o objecto museológico, de Rute Muchacho.

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