Apesar da recente moda da música eletrônica - trance, house, electro, techno, progressiva, entre várias outras - a maioria dos baladeiros de plantão nunca ouviu falar sobre a música concreta (do francês "musique concrète"), um dos alicerces do movimento musical eletrônico.
Para apresentá-la, antes precisamos conhecer o seu criador: Pierre Schaffer. Nascido em agosto de 1910 na cidade de Nancy, França, iniciou sua carreira como engenheiro eletrotécnico, se tornando locutor de uma rádio parisiense no ano de 1936. Na Radiodiffusion Télévision Française, Shaffer encontrou o apoio que precisava para começar a desenvolver o que viria a ser tornar a música concreta.
Suas primeiras composições se baseavam na manipulação sonora por meio da variação da velocidade ou do sentido da leitura das gravações, sem musicalidade expressiva. O que mudaria após o seu encontro com Pierre Henry, compositor também francês; parceria que geraria a peça "Symphonie pour un homme seul", talvez o marco mais importante da música concreta.
Mas enfim, o que é a música concreta? Trata-se, basicamente, de uma técnica experimental de composição, evitando instrumentos tradicionais e os substituindo pelo som de objetos variados. O primeiro traço de seu surgimento se deu no Club d'Essai, fundado por Schaffer em 1951, mesmo ano do início de sua parceria com Henry. Lá, o músico teve a idéia do gênero: gravar "ruidos" para compor peças musicais. Apesar de seu quase anonimato, ela é fonte de inspiração para diversos ritmos musicais, "do rock progressivo à atual música eletrônica dos Dj's", segundo Arthur Nestrosvki, professor da PUC de São Paulo, em entrevista à Mundo Estranho.
A relativa simplicidade da música concreta e seu alcance são convites à sua criação. Dessa forma, o estilo se torna acessível, mesmo para quem não tem o instrumento. Basta a captação de som e a criatividade, já que tudo que você precisa está ao seu redor. Uma música de todos os sons.
No Brasil o artista que sustenta a bandeira da musique concrète é Hermeto Paschoal, fazendo-a bem aparente no seu álbum "Sereiarei", através dos vocais de porcos, perus, galinhas, patos, coelhos, criando uma música concreta com sotaque rural.
"Etude aux chemins de fer"
Musique Concrète